segunda-feira, 9 de junho de 2014

Abate de florestas afasta elefantes das rotas migratórias


                 (Foto: Divulgação)



A técnica do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) que acompanha as rotas de diversos animais de médio e grande porte no país disse: "São animais que não gostam de barulho e as motosserras perturbam a migração".


Alguns elefantes costumam rumar anualmente da Guiné-Conacri para o sul da Guiné-Bissau, sobretudo entre maio e novembro, para evitar o alagamento das zonas onde habitam, eles ocupam um corredor que entra nos parques naturais de Cantanhez e Cufada, zona ao longo da qual encontram alimento e outras condições ideais para passarem algum tempo.

Porém este ano, o ambiente está sendo alterado por causa do corte de madeiras que está sendo feito no meio desse corredor de migração que, por sua vez muda o trajeto que  os elefantes fazem, mas como não podem encontrar alimentos e acabam passando por aldeias, não se sabe que comportamento eles terão.

Por enquanto já está confirmada a presença de dois elefantes na zona de Buba e outros dois, já fotografados, na zona de Cantanhez, mais perto da fronteira, uma equipe do IBAP avistou um destes animais em fevereiro, em Bulba, episódio em que o animal "teve um comportamento agressivo e perseguiu a equipe mato a dentro", descreveu Aissa Regalla.

O IBAP pediu à Direção-Geral de Florestas que fizesse parar o corte de árvores na zona sul, mas até agora ainda não obteve respostas e as motosserras continuam no terreno.

Geralmente são os caçadores que costumam alertar para a presença de animais menos comuns, porque só se encontram no interior das florestas, mas este ano já houve elefantes avistados pelas comunidades de algumas aldeias.

"É um pouco perigoso porque entram nas zonas de cultivo de arroz e carvão", explicou Aissa.

O elefante africano de floresta (existe também uma variedade da savana), "está na lista vermelha da União Internacional de Conservação da Naturza (UICN) como animal vulnerável, sob o risco de extinção", acrescentou.

De acordo com o IBAP, os animais avistados no sul da Guiné-Bissau são provenientes de uma comunidade instalada na Guiné-Conacri, perto da fronteira, junto ao rio Kogum (Bouliagne).

"Anteriormente existia uma boa conectividade ecológica pois o corredor de migração apresentava condições favoráveis: pontos de água (lagoas, bolanhas e rios) e presença de cibe (alimento favorito) e manpataz na mata de Sonco Ali", detalha um relatório de Aissa Regalla.

"Mas com o corte intensivo de árvores, o corredor de migração vem diminuindo drasticamente", alerta.

Os níveis "sem precedentes" de destruição da floresta e de outros recursos naturais da Guiné-Bissau já foram motivo de alerta por parte das Nações Unidas, o Estado emitiu licenças de exploração em que "o país não ganha nada" e a população, na maioria depende da agricultura, "fica com o ecossistema destruído), denunciou também à agência Lusa Nelson Dias, representante da UICN em Bissau.



Fonte: RTP Notícias

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